Serviço
Exposição AUTOCHOQUE – Um Ensaio Sobre Impactos Local: Usina do Gasômetro Endereço: Av. Presidente João Goulart, 551 – Porto Alegre - RS Abertura: 6 de maio, 19h Período de visitação: de 7 a 31 de maio de 2010, terças a domingos das 14h às 21h, com entrada franca »Robert Frank
Do livro The Americans, de 1958, do fotógrafo estadunidense, Robert Frank
( Um pouco mais sobre o livro aqui (em espanhol)).
Signal 30
Um despacho da Associetad Press, de Santa Mônica, California, de 9 de agosto de 1962, informava que:
"Uns cem infratores de trânsito assistiram hoje a uma fita sobre acidentes de trânsito, como castigo às suas infrações. Dois deles foram acometidos de choques emocionais e acessos de náuseas. Aos assistentes se oferecia uma redução de 5 dólares nas multas desde que concordassem em assistir o referido filme, Signal 30, feito pela polícia de Ohio. O espetáculo mostrava ferragens distorcidas e corpos mutilados, além de gravações de gritos das vítimas." *
"Uns cem infratores de trânsito assistiram hoje a uma fita sobre acidentes de trânsito, como castigo às suas infrações. Dois deles foram acometidos de choques emocionais e acessos de náuseas. Aos assistentes se oferecia uma redução de 5 dólares nas multas desde que concordassem em assistir o referido filme, Signal 30, feito pela polícia de Ohio. O espetáculo mostrava ferragens distorcidas e corpos mutilados, além de gravações de gritos das vítimas." *
(É importante observar que, para duas gerações criadas em meio a uma apologia crescente de violência imagética, este filme deve ser entendido em sua perspectiva histórica.)
Signal 30 pode tanto ser uma referência histórica sobre as políticas de segurança no trânsito, quanto uma apologia à curiosidade mórbida e a um certo humor dissociativo estéril.
Na verdade, a decisão cabe mais a quem vê (como quase tudo na vida).
Na verdade, a decisão cabe mais a quem vê (como quase tudo na vida).
* Marshall Mcluhan: Os meios de Comunicação como Extensões do Homem. Ed. Cultrix. p.47
Um Dia depois do Fim
Cenário de Autochoque no silêncio da madrugada de 3 de Maio de 2010. Foto da inigualável Laura Cattani
Você está Doente ou já é uma Fantasma.
O início de “Você está doente ou já é uma Fantasma” como trilha para a abertura de um airbag.
Música vinda do SAÍDA DE EMERGÊNCIA, xifópago do Autochoque (para saber mais, clique aqui e aqui). A música "Você está Doente ou já é uma Fantasma" tem como musa a Varíola (doença extinta em 1980) e especula, em sua letra, sobre a possibilidade de seu retorno e as conseqüências desastrosas deste revival. Esta hipótese, lamentavelmente, não é tão absurda: laboratórios estadunidenses e russos guardam ainda amostras do vírus e, apesar de tentativas diplomáticas para que o mesmo seja extinto, um acordo neste sentido não se concretizou. Caso houvesse um surto epidêmico da Varíola, não haveria tempo hábil para a produção de vacina e, até que a mesma fosse oferecida massivamente, certamente algum conhecido seu - ou mesmo você - estaria kaput. Logo, o refrão (como toda boa canção pop deve ter) era "Você está Doente, ou já é uma Fantasma?", um diálogo sempre extraordinariamente possível na zona de luscofusco entre vivos e mortos. Este refrão acabou virando um bordão entre os Íos - por exemplo, quando alguém estava gripado e com uma péssima aparência, perguntava-se, com educação, "Você está Doente ou já é uma Fantasma?"
Para saber mais sobre o fascinante mundo das doenças contagiosas, leia A História e suas Epidemias, de Stefan Cunha Ujvari.
Crise de Abstinência.
Onze dias sem apresentar o Autochoque. Foto do último dia.
Munir Klamt e Jack Garcia. Foto da Jeanine Sehnem Gomes. Composição Munir Klamt
Destino Frágil
Élcio Rossini em Ato Sem Título (uma Performance autoinfringida por terceiros)
Durante a abertura da exposição Autochoque – Um Ensaio Sobre Impactos, Élcio Rossini propôs uma ação pública, a destruição de sua frágil escultura, processo ainda em curso. Portanto, convidamos aqueles que tenham atração por proposições de Arte Contemporânea (ou o frisson do vandalismo) que visitem o Gasômetro o mais breve possível.
Escultura Moderna.
Escultura do Senhor John Chamberlain
John Chamberlain é um escultor estadunidense que, desde a década de 50, vem trabalhando com esculturas de carros amassados. No período inicial de sua produção, suas esculturas evocavam tridimensionalmente o Expressionismo Abstrato, que bombava na America Nortista e, por conseqüência, no globo terrestre no período. Desde então, este senhor vem se dedicando às mesmas esculturas (até onde sabemos), com algumas variações (sendo algumas de gosto bem discutível - vide exemplos A, B e C).
Escultura Moderna, outra vez.
Música Escultura Moderna no Espetáculo Autochoque. Foto Munir Klamt.
Nada mas insípido, inodoro e incolor do que colocar uma letra desvinculada da música. Mas eu gosto efetivamente de água. E também, esta é o Faroeste Caboclo da Ío, então acredito que a mesma deva ser explicitada para todo mundo poder cantar junto. De modo geral, o autor se equivoca ao tentar ressaltar a poesia (ai, ai) de sua criação, terreno potencialmente egóico, uma vez que a letra existe em um conjunto que não é seccionável (no caso da Ío, menos seccionável ainda, pelo fato das performances, iluminação e cenário ecoarem as letras). Feita esta autocrítica, vamos à contradição: Escultura Moderna é uma música subdividida e retomada em quatro fragmentos, que são versões diferentes da música original, durante o espetáculo Autochoque. E aborda os momentos anteriores e posteriores a um acidente automobilístico.
PRESTE ATENÇÃO: ESQUEÇA TUDO QUE EU FALAR.
MINHA AUTOCRÍTICA ME PARALISA. COMO UMA FOTO, UM GRITO OU O FUNDO DO MAR MOVO-ME LENTAMENTE, COM OUTRO CORPO, EM OUTRO LUGAR.
MINHA AUTOCRÍTICA ME PARALISA. COMO UMA FOTO, UM GRITO OU O FUNDO DO MAR MOVO-ME LENTAMENTE, COM OUTRO CORPO, EM OUTRO LUGAR.
VOCÊ TERIA AINDA, PROVAVELMENTE, 21 000 DIAS.
... MAS O TEMPO PASSA MAIS RÁPIDO QUANDO ENVELHECEMOS, E ISSO ACONTECE CADA VEZ MAIS RÁPIDO. ESTOU SEMPRE NO LUGAR CERTO, NO LUGAR QUE DEVERIA ESTAR. NO MOMENTO EXATO. MINHA CABEÇA NÃO PARA DE PENSAR EM SUBSISTEMAS, EM COMO EU DEVO ME SALVAR
... MAS O TEMPO PASSA MAIS RÁPIDO QUANDO ENVELHECEMOS, E ISSO ACONTECE CADA VEZ MAIS RÁPIDO. ESTOU SEMPRE NO LUGAR CERTO, NO LUGAR QUE DEVERIA ESTAR. NO MOMENTO EXATO. MINHA CABEÇA NÃO PARA DE PENSAR EM SUBSISTEMAS, EM COMO EU DEVO ME SALVAR
VOCÊ PREFERIA QUE EU DISSESSE QUE ESTÁ TUDO BEM, TUDO NO DEVIDO LUGAR?
O AR AJUDA O SANGUE A COAGULAR. O SISTEMA NERVOSO CENTRAL ESTÁ CONTROLANDO, DEFININDO PRIORIDADES. UMA MÁQUINA SE AUTOCONSERTANDO, PARTE POR PARTE...
O AR AJUDA O SANGUE A COAGULAR. O SISTEMA NERVOSO CENTRAL ESTÁ CONTROLANDO, DEFININDO PRIORIDADES. UMA MÁQUINA SE AUTOCONSERTANDO, PARTE POR PARTE...
HÁ UMA FORTE DOR QUE EU NÃO SINTO E MINHA CABEÇA CONTINUA GIRANDO.
FAÇA O QUE FIZER, VOCÊ TEM POUCO TEMPO A PERDER
MEUS SONHOS SÃO TODOS VIOLENTOS, COM ANIMAIS CORTADOS, JÓIAS E MÁQUINAS GROSSEIRAS. OUÇO PESSOAS GRITANDO SEM PARAR E COISAS QUE DESAPARECEM. VOLTO SEMPRE NO MESMO MOMENTO AO MESMO LUGAR. ESTOU TODO O TEMPO FUGINDO, E ME DEBATO E FALO DORMINDO.
ACORDE, ACORDE, ACORDE
MEU CARRO AMASSADO PRODUZ A MAIS MODERNA ESCULTURA.
O REFLEXO NOS ESTILHAÇOS PELO ASFALTO SÃO ESTRELAS.
O SANGUE EM MINHA BOCA TEM UM GOSTO DESAGRADÁVEL.
E O PISCA-ALERTA TEM UM BARULHO INSUPORTÁVEL.
FAÇA O QUE FIZER, VOCÊ TEM POUCO TEMPO A PERDER
MEUS SONHOS SÃO TODOS VIOLENTOS, COM ANIMAIS CORTADOS, JÓIAS E MÁQUINAS GROSSEIRAS. OUÇO PESSOAS GRITANDO SEM PARAR E COISAS QUE DESAPARECEM. VOLTO SEMPRE NO MESMO MOMENTO AO MESMO LUGAR. ESTOU TODO O TEMPO FUGINDO, E ME DEBATO E FALO DORMINDO.
ACORDE, ACORDE, ACORDE
MEU CARRO AMASSADO PRODUZ A MAIS MODERNA ESCULTURA.
O REFLEXO NOS ESTILHAÇOS PELO ASFALTO SÃO ESTRELAS.
O SANGUE EM MINHA BOCA TEM UM GOSTO DESAGRADÁVEL.
E O PISCA-ALERTA TEM UM BARULHO INSUPORTÁVEL.
O Reflexo nos Estilhaços de Vidro no Asfalto são Estrelas.
Detalhe do cenário de Autochoque. Foto Laura Cattani
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 815 mil pessoas se mataram no ano de 2000 em todo o planeta. A cada 40 segundos, alguém se suicida. A OMS classifica o suicídio como “violência autodirigida”. É a terceira, preste atenção, terceira, causa de morte entre pessoas de 15 a 44 anos. Alguns suicídios são mascarados nas estatísticas oficiais, encobertos por outros eventos que são aparentemente acidentais. Como, por exemplo, acidentes de carro causado por jovens que dirigem alcoolizados e em altas velocidades. ”Se você investigar a vida destes jovens semanas ou meses antes de morrer, pode identificar sinais de que algo não ia bem.”
Fonte: Super Interessante, Janeiro de 2003, página 37.
AUTOCHOQUE - Um Ensaio Sobre Impactos
Obras de Dione Veiga Vieira, Grupo Ío e Élcio Rossini
Inaugura no dia 06 de maio, às 19h, na Usina do Gasômetro em Porto Alegre, a exposição AUTOCHOQUE – Um Ensaio Sobre Impactos, com curadoria do grupo Ío.
Laura Cattani e Munir Klamt convidaram os artistas Dione Veiga Vieira, Félix Bressan, Élcio Rossini e Paulo Mog para exporem uma reflexão artística sobre o tema dos deslocamentos, ondas de choque e vivências que deixam marcas, abordados através de instalações, fotografias e vídeos.
A exposição AUTOCHOQUE – Um Ensaio Sobre Impactos é um desdobramento do espetáculo AUTOCHOQUE – Trilha Sonora para Acidentes, do Grupo Ío. Nesta exposição, a memória e a impermanência, o onírico e o real, o corpo e a ausência, o horror e o sublime se entrelaçam, como forças antagônicas sempre em conflito, próximas de desabarem. Os objetivos estéticos dos artistas convidados para esta exposição se dão nesta tensão, cuja poética se constrói por meio da ausência, do estranhamento, do choque.
Laura Cattani e Munir Klamt convidaram os artistas Dione Veiga Vieira, Félix Bressan, Élcio Rossini e Paulo Mog para exporem uma reflexão artística sobre o tema dos deslocamentos, ondas de choque e vivências que deixam marcas, abordados através de instalações, fotografias e vídeos.
A exposição AUTOCHOQUE – Um Ensaio Sobre Impactos é um desdobramento do espetáculo AUTOCHOQUE – Trilha Sonora para Acidentes, do Grupo Ío. Nesta exposição, a memória e a impermanência, o onírico e o real, o corpo e a ausência, o horror e o sublime se entrelaçam, como forças antagônicas sempre em conflito, próximas de desabarem. Os objetivos estéticos dos artistas convidados para esta exposição se dão nesta tensão, cuja poética se constrói por meio da ausência, do estranhamento, do choque.
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Exposição AUTOCHOQUE – Um Ensaio Sobre Impactos
Local: Usina do Gasômetro
Endereço : Av. Presidente João Goulart, 551 – Porto Alegre - RS
Abertura: 6 de maio, 19h
Período de visitação: 7 de maio a 31 de maio de 2010, terças-feiras
a domingos das 14h às 21h, com entrada Franca
Curadoria: Grupo Ío
Artistas: Laura Cattani & Munir Klamt (grupo Ío), Dione Veiga Vieira, Félix Bressan, Élcio Rossini e Paulo Mog.
Local: Usina do Gasômetro
Endereço : Av. Presidente João Goulart, 551 – Porto Alegre - RS
Abertura: 6 de maio, 19h
Período de visitação: 7 de maio a 31 de maio de 2010, terças-feiras
a domingos das 14h às 21h, com entrada Franca
Curadoria: Grupo Ío
Artistas: Laura Cattani & Munir Klamt (grupo Ío), Dione Veiga Vieira, Félix Bressan, Élcio Rossini e Paulo Mog.
Um Musical Sobre Acidentes
A Liberdade, a Justiça, a Democracia? Não. Laura Cattani em Autochoque. Foto: sempre Safi.
Ao final desta temporada de Autochoque, torna-se explícita a força paradoxal que constrói este espetáculo, autodefinido como uma trilha sonora para acidentes (“acidente” aqui deve ser entendido no seu espectro mais amplo. Isto é, o que é casual, fortuito, imprevisto). Ele se estrutura através de forças contrárias e em um certo gosto pelas improbabilidades, sobre este curioso mundo em que casualmente vivemos (e que é assim construído em decorrência da produção serial de Henry Ford - tecnologia importada das armas Colt), sobre perdas, mas também sobre o fato de que qualquer comportamento humano, isolado de seu contexto, torna-se esquisito e engraçado. A total ausência de uma mensagem clara e verdades a serem compartilhadas torna Autochoque assustador, banal, angustiante, engraçado e político (uma política estética é diferente de uma institucional, é antes uma concepção de mundo compartilhada). Reconhecemos que um musical sobre acidentes em que o foco está em uma certa beleza mecânica da energia cinética de um carro destruído, sobre a sofisticação de nosso corpo assimilando os impactos e sobre ironia (ironia aqui entendida como a multiplicidade de visões sobre um fato) não tem como seguir uma lógica cartesiana e, como previsto, Autochoque constrói a sua própria moralidade. A Ío organiza seus trabalhos de uma maneira em que forças antagônicas estejam sempre em conflito, próximas de desabarem. Nossos objetivos estéticos se dão nesta tensão improvável. Tão improvável quanto usar acidentes automobilísticos como tema de um musical ou usar um prédio como um instrumento sonoro.
Meus Sonhos São Todos Violentos.
Meus Sonhos são todos violentos, com animais cortados, jóias e máquinas grosseiras.
Still do vídeo "A influência de Francis Bacon..."
1. Sonhei que minha filha estava encostada no carro andando e rolou entre as rodas da frente, perguntei o nome dela pra ver se ela estava bem e ela disse o nome da minha irmã. O que significa?
2. Sonhei que estava em frente a uma praça cheia de lojas ao redor, e vários carros e um ônibus em movimento na rua, e na praça havia uma torre com várias motocicletas penduradas e um carro no topo. Este carro, que estava no topo, despencou lá de cima, e no intervalo desta queda eu falei com uma mulher pelo telefone e corri pra me esconder para não correr o risco de ser atingida.
3. Sonhei que uma pessoa foi atropelada e que seus órgãos saíram todos para fora, fiquei olhando meu marido juntando e empurrando com os pés tudo aquilo.
2. Sonhei que estava em frente a uma praça cheia de lojas ao redor, e vários carros e um ônibus em movimento na rua, e na praça havia uma torre com várias motocicletas penduradas e um carro no topo. Este carro, que estava no topo, despencou lá de cima, e no intervalo desta queda eu falei com uma mulher pelo telefone e corri pra me esconder para não correr o risco de ser atingida.
3. Sonhei que uma pessoa foi atropelada e que seus órgãos saíram todos para fora, fiquei olhando meu marido juntando e empurrando com os pés tudo aquilo.
* Alguns sonhos alheios.
Crooner
Munir como Crooner. Foto, a incansável Safi, Lúcia.
É importante entender que, apesar de Laura e Munir estarem no palco, eles são artistas plásticos. Em Autochoque, valorizamos mais a parte de contextura, a união das idéias como uma construção estética, do que nossas performances individuais no palco. Dentro desta concepção, recebi o que considero o melhor elogio individual possível: fui chamado de Crooner* (by Camila Schenkel). Entendo que ser um Crooner, dentro da profusão gigantesca de referências musicais de Autochoque, é a materialização de um estilo anacrônico e maneiro de cantor, que faz uma falta terrível nos fugidios dias de hoje (Frank Sinatra e Nelson Gonçalves eram Crooners (embora saiba que eles não gostariam desta definição) e Tom Waits e Mike Patton o são).
*Crooner é um epíteto dado a um cantor masculino de um certo estilo de canções populares, apelidado de pop tradicional. Um Crooner é um cantor de baladas populares, que tem um estilo de cantar suave, ou grave, e levemente exagerado. O cantor é normalmente acompanhado por uma orquestra completa ou uma big band. Geralmente, Crooners cantam e disseminam as músicas populares estadunidenses.
Lógica da Ío
"Minha intenção é falar de corpos mudados para diferentes formas.
O firmamento e todas as coisas abaixo dele, a Terra e suas criaturas,
Tudo muda, e nós, parte da criação, também temos de sofrer mudança."
Ovídio
O firmamento e todas as coisas abaixo dele, a Terra e suas criaturas,
Tudo muda, e nós, parte da criação, também temos de sofrer mudança."
Ovídio
(ou Publius Ovidius Naso, como é de conhecimento geral, poeta romano do séc I antes de Cristo)
Foto de Laura Cattani.
Foto de Laura Cattani.
No próximo final de semana ocorrerão as últimas apresentações (todas gratuitas) de Autochoque (vide quadro acima à direita).
Uma das características da Ío é a renovada fluidez e rearranjo. Lição aprendida do Barroco, em que tudo parece temporário em um mundo em constante mutação, que se desdobra ao infinito. Dito isto, a guisa de introdução, informamos que as últimas cinco apresentações de Autochoque, depois de encerradas, nunca mais serão repetidas. Assim como já aconteceu na segunda semana, o formato mudará, terá uma "versão do diretor” em que capítulos cortados nos ensaios retornarão e um conjunto de novas idéias será acrescido. Autochoque muda por uma questão clara - por que funcionou. Logo é hora de criar novas perspectivas, reinventar outras possibilidades para o trabalho. Esta é a peculiar lógica da Ío.
Uma das características da Ío é a renovada fluidez e rearranjo. Lição aprendida do Barroco, em que tudo parece temporário em um mundo em constante mutação, que se desdobra ao infinito. Dito isto, a guisa de introdução, informamos que as últimas cinco apresentações de Autochoque, depois de encerradas, nunca mais serão repetidas. Assim como já aconteceu na segunda semana, o formato mudará, terá uma "versão do diretor” em que capítulos cortados nos ensaios retornarão e um conjunto de novas idéias será acrescido. Autochoque muda por uma questão clara - por que funcionou. Logo é hora de criar novas perspectivas, reinventar outras possibilidades para o trabalho. Esta é a peculiar lógica da Ío.
Cenário que poderia ter sido.
Damián Ortega
Durante as discussões de como seria o cenário de Autochoque, com o incansável Paulo Mog nosso augusto cenógrafo, uma das maléficas referências que pululavam em nossos embates e que foram excluídos-expurgadas na construção final da maquete do cenário eram – Stephen Sous e Damian Ortega. Estas imagens ilustram o que poderia ter sido o cenário se fossemos um pouco mais cara-de-pau (coisa que ainda poderemos ser e então este post potencialmente se auto apagará).
Um de meus amigos.
Foto da deformativa Lucia Safi no espetáculo, como é de conhecimento de todos, Autochoque.
Escolho os meus amigos pela sua boa apresentação, os meus conhecidos pelo seu carácter e os meus inimigos pela sua inteligência.Um homem não pode ser muito exigente na escolha dos seus inimigos.
Oscar Wilde
Nós efetivamente amamos os russos. Os motivos são o que menos importa (de Tunguska a Kabakov).
Agradecemos à equipe de demonstração do Lada por participar do vídeo de "Sem Título" da Ío.
Temos aqui o "videoclip" alternativo de uma música excluída do espetáculo Autochoque com o ilustrativo nome de "sem título". Direção e coreografia mecânica de Jack Garcia. Um lado B de single, diria-se antigamente, ou faixa extra da edição de luxo, diz-se hoje, neste capitalismo sempre renovado.
As estranhas propriedades temporais de um veículo automotor
Máquina do tempo. Chevrolet Classic 2011?
Um dos grandes anseios humanos é a possibilidade de se deslocar no tempo. Presenciar enigmas da nossa história, averiguar obscuros atos, entender estranhas motivações, talvez se entregar a vaidades, como ver o rosto de Alexandre o Grande ou de Jesus. Aparentemente, esta possibilidade está disponível aos fabricantes de veículos automotores. Senão, por que apenas eles conseguem lançar em maio de 2010 um veículo de 2011?
Há duas alternativas para isto: a primeira seria que tudo não passa de uma sacadinha de marketing (no que eu prefiro não acreditar, pois seria excessivamente rasteiro). Ou, efetivamente, este carro veio do futuro, munido com o potencial de fluir livremente pelo tempo. Tipo um DeLorean popular (claro que o popular aqui é relativo).
Há duas alternativas para isto: a primeira seria que tudo não passa de uma sacadinha de marketing (no que eu prefiro não acreditar, pois seria excessivamente rasteiro). Ou, efetivamente, este carro veio do futuro, munido com o potencial de fluir livremente pelo tempo. Tipo um DeLorean popular (claro que o popular aqui é relativo).
Fonte diariogauche
Campanha viral do Espetáculo Autochoque.
Campanha viral da Ío cria polêmica em Tulsa (EUA). Artistas evitam declaração
sobre danos ao patrimônio privado e negam ação de Arte Guerrilha.
Por que uma frenagem bem sucedida acarretou a morte de mais de 100 milhões de pessoas.
Escultura de Maurizio Cattelan
Menos conhecido mas até mais potencialmente fatal do que o atentado de 1944* foi um acidente de trânsito no verão de 1930, mais de dois anos antes de Hiltler tomar o poder na Alemanha, quando o carro em que ele viajava bateu em um pesado caminhão-reboque. O caminhão freou a tempo de evitar passar por cima do carro de Hitler, que estava sentado no "banco da morte" (banco do carona) e esmagá-lo. A história da Segunda Guerra Mundial poderia ter sido bem diferente se o motorista do caminhão tivesse freado um segundo mais tarde.
Fonte: o recomendadíssimo "Armas, germes e aço" de Jared Diamond, pág. 420.
* O filme Valkyrie com Tom Cruise trata deste episódio .
Razões pelas quais a crise do petróleo de 1973 colocou o mundo em profunda recessão.
Sete causas consensuais
Ascensão
Laura Cattani no vídeo "9 na Escala de Mohs", de Munir Klamt, que integra o espetáculo AUTOCHOQUE.
Still por Lucia Safi. Pós-produção por Munir Klamt
Nova lei quase obsoleta.
1. Toda ascensão imaculada aos céus é inversamente proporcional à gravidade e à energia necessária para manter a terra girando em torno do sol.
Doppelgänger
Eu e meu duplo. Photo Lucia Safi.
Autochoque é um espetáculo sobre um conjunto de eventos que formam uma narrativa não-linear sobre acidentes, perdas e assimilações. Mas também sobre duplos, sobre o que aconteceria se... Uma conjunção de múltiplas alternativas ocorrendo paralelamente. Um espectro de possibilidades que cerca qualquer acontecimento. A síndrome do e se eu tivesse.
Se eu tivesse ficado em casa.
Se eu tivesse ido mais devagar.
Se eu tivesse ido por outro caminho.
Etc.
Fetus in Fetus
Autochoque é Fetus in Fetus do Saída de Emergência.
Em 2005-06 a Ío fez um espetáculo chamado Saída de Emergência. O Autochoque é um Fetus in Fetus deste. Para aqueles que tem desinteresse por gestação Fetus in Fetus é uma condição extremamente rara em que o corpo de um irmão gêmeo é gestado dentro do outro. Muitas vezes esta condição não é nem ao menos perceptível; em outras, é. Autochoque é um deste gêmeos visíveis. Para ir um pouco mais longe clique aqui.
Denis Oppenheim
Safety Cones de Denis Oppenheim
Denis Oppenheim é nome da Land Art histórica. No decorrer do tempo seus trabalhos abandonaram este nicho especifico e foram se deslocando para um certo humor bizarro, teatral e narrativo. Adoraria se esta fosse uma peça promocional de Autochoque.
Vá ao site do Senhor .
Uma das intenções do projeto Autochoque é falar sobre acidentes automobilísticos de uma forma estética, analítica e fria, o cerne sendo a consciência de que tragédias automobilísticas são um grave problema de nosso tempo, mas que no futuro serão consideradas uma das excentricidades da humanidade nos séculos XX e XXI - da mesma maneira que vemos os sanguinolentos rituais astecas, as cruzadas dos meninos de 1212 ou a crença no Mar Tenebroso como algo absurdo, beirando o incompreensível. Abaixo, exemplo cabal de estoicismo em relação aos costumes anacrônicos de seu tempo:
Musa do Autochoque
Grupo Ío apresenta:
AUTOCHOQUE, ou: Trilha Sonora para Acidentes
Deslocamentos, ondas de choque, vivências que deixam marcas: um ensaio sobre impactos.
Autochoque é a primeira fase de um projeto multidisciplinar dos artistas Laura Cattani & Munir Klamt, que faz uma reflexão musical e artística sobre o impacto dos automóveis na sociedade contemporânea e o universo de fatos, emoções e símbolos que os cercam, dos acidentes automobilísticos e seus infinitos desdobramentos. O grupo aborda estes aspectos através de sons e imagens, em um show instigante e perturbador.
Local:
Museu do Trabalho
Rua dos Andradas, 230 – Porto Alegre | RS
Museu do Trabalho
Rua dos Andradas, 230 – Porto Alegre | RS
Datas:
10/04 – Estréia. 20h, segunda sessão 21h10
11/04 – Sessão 20h
17/04 – Sessão 20h, segunda sessão 21h10
18/04 – Sessão 20h
24/04 – Sessão 20h, segunda sessão 21h10
25/04 – Sessão 20h
01/05 – Sessão 20h, segunda sessão 21h10
02/05 – Sessão 20h
Atenção: as sessões iniciarão pontualmente. Não será permitida a entrada após o fechamento dos portões. Não indicado para menores de 14 anos.
___________________________
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Autochoque é um Espetáculo Multimídia do grupo Ío (Laura Cattani e Munir Klamt),
com a participação de Tito Neumann, Jack Garcia e Nando Barth.
com a participação de Tito Neumann, Jack Garcia e Nando Barth.
Iluminação: Márcio Silveira dos Santos
Cenografia: grupo Ío e Paulo Mog
Financiamento:
Promoção:
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